Anjos do Peito vai desenvolver trabalho de amamentação nas creches
Já há algum tempo, a enfermeira Angelina Lucia Tarter vem desenvolvendo ações no sentido de despertar a consciência das mães sobre a importância do aleitamento materno. Com base em análises e estudos feitos por ela, Angelina detectou outro problema que costuma ocorrer com muita freqüência e que acaba por interferir no desenvolvimento saudável das crianças: o fator creche.
A situação é simples, conforme explica Angelina: “Depois que a mãe dá à luz, se trabalha fora ela fica por um período, correspondente à licença maternidade, na presença do filho. Passado esse prazo, precisa voltar ao trabalho e a criança tem como destino a creche. O processo de amamentação, crucial nessa fase da vida da criança para sua saúde, acaba sendo interrompido de certa forma, o que vem a prejudicar seu desenvolvimento”. Com isso ocorrem duas situações. Primeiro, o afastamento emocional entre mãe e filho, já que, desde sua formação no útero, ambos estiveram ligados fisicamente. O segundo se refere à própria alimentação que o bebê recebe. Até, no mínimo, seis meses de vida, o ideal é que as crianças sejam alimentadas somente com o leite materno. Pelo fato de não estar na presença da mãe quando vai para a creche, o bebê acaba recebendo outros tipos de alimentos.
A intenção de Angelina é instituir no município programa de treinamento semelhante a uma proposta existente na cidade de Blumenau. Lá, os profissionais que trabalham com aleitamento vão às creches, públicas e privadas, para ensinar aos profissionais que nelas atuam a importância e as maneiras corretas de aproveitamento do leite materno. “Um dos problemas que enfrentamos é que passamos o maior trabalho para auxiliar as mães, explicando as melhores formas e a importância de elas manterem seus filhos sendo amamentados no peito por o máximo de tempo possível. Mas quando as crianças vão para as creches, isso tudo se perde, justamente porque o processo é interrompido. Ao invés de receberem o leite da mãe, elas são alimentadas com outros tipos. A idéia é de que, mesmo longe da mãe, a criança continue sendo alimentada com o leite do peito”.
A proposta elaborada por Angelina vai ser apresentada às unidades de ensino infantil existentes no município. Ela conta que já fez alguns contatos e até conseguiu implantar em uma delas, mas enfrenta dificuldades com outras para dar seguimento ao programa. Por enquanto, apenas a creche Circulo Bom Samaritano adotou a idéia. Lá, as mães que possuem filhos em fase de amamentação levam o leite em frascos e isso possibilita que eles recebam o leite materno mesmo quando distante da presença materna.
Mãe de dois meninos, gêmeos, a dona-de-casa Lizane Maria Mattos passou por poucas e boas quando deu à luz à dupla. No final do ano passado, ela enfrentou problemas de saúde e não pôde amamentar os filhos por certo tempo. A salvação veio de doações de leite que fizeram outras mulheres, através do programa Anjos do Peito. Hoje, ela diz que um dos filhos apresenta problemas e que somente pode ser alimentado com o leite materno. “Hoje eu digo que, se meus filhos ficassem sem o leite materno, não sei o que poderia ter sido deles. O médico mesmo disse que se ele não for amamentado dessa forma, a imunidade do corpo vai baixar e colocar em risco sua vida”, comenta ela.